Parto do princípio que em todas as temáticas complexas
existem indagações intimistas que,muitas vezes, em razão da obviedade, tornam-se
imperceptíveis. É uma conclusão ao interpretar as notícias da chegada ao Rio
Grande do Sul dos imigrantes haitianos e senegaleses. Estamos vivendo num
período de radicalizações. Pouco resta no caminho do equilíbrio e na conquista
de resultados que contemplem a todos. Um mundo que se apequena no limitado
espaço dos interesses individuais e lamentavelmente se distancia aos olhos dos
valores humanitários.
Ocorre que, mesmo considerando as preocupações normais
daqueles que visam prioridades para cidadãos nascidos em território nacional, tais
argumentos tornam-se singelos se comparados à grandeza do ato de estender uma
mão a quem precisa. Por outro lado, não há como tolerar qualquer forma de
preconceito racial e social contra um ser humano em qualquer lugar do planeta.
Devemos lembrar, caso seja necessário, que os imigrantes
haitianos e senegaleses chegam ao Brasil não por motivos turísticos, mas sim em
razão de catástrofes naturais e situações de extrema gravidade que ameaçam suas
vidas. Os vistos humanitários concedidos
pelo governo são outorgados após a comprovação de ausência de antecedentes
criminais, com a garantia de trabalho com carteira assinada, além de acesso à
saúde e educação.
Dificilmente nos colocamos em hipotéticas situações adversas,
prática que pode cooperar para uma crítica construtiva de pensamento. Fechar os
olhos para os dramas alheios, brasileiros, haitianos ou senegaleses, é imaginar
que vivendo dentro de uma bolha estaremos exercendo a nossa autodefesa contra supostas
ameaças que talvez sequer existam. Nossa contribuição é fugir dessa lógica
perversa que gera sentimentos improdutivos. Privilegiados ou não dentro do
nosso próprio contexto social, a negação de disponibilidade parece-me o pior
dos caminhos a seguir.
O momento enseja uma conjunção de esforços, é bem verdade. As
razões humanitárias necessárias restam fragilizadas se o Estado brasileiro não
trabalhar de forma articulada para atender minimamente as necessidades dos
imigrantes. Eis aí um dos desafios da questão, considerando a reiterada
ausência de serviços eficazes oferecidos pelo poder público. O outro, é o pleno
entendimento de que a indiferença é pecado que fere de morte a essência da
humanidade.
Senador Suplente
(PDT RS)
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